O calendário ocidental foi definido e reconhecido, internacionalmente, pela data do nascimento de Jesus Cristo. As organizações e instituições internacionais assumiram esta cronologia pela relevância da cultura e da economia ocidental. É nesse sentido que utilizamos a expressão “antes de Cristo” (A.C.) e “depois de Cristo” (D.C.).
Se o nascimento de Jesus Cristo estabeleceu uma linha divisória no tempo, o surgimento da Sars Cov 2, marcou e marcará, para sempre, a sociedade, a economia e o turismo. Já interiorizámos, consciente e inconscientemente, pelas mudanças ocorridas e nas novas exigências sanitárias, a existência de um mundo “antes da COVID” (A.C.) e “depois da COVID” (D.C.). Se a coincidência das siglas nos surpreende, num primeiro momento, no minuto seguinte validamos o impacto desta pandemia, com a respetiva sinalização cronológica.
As pessoas estão ávidas de voltar a viajar, face às restrições e aos longos períodos de confinamento. A atividade turística prepara-se para a sua retoma, com os consumidores a apresentarem novas exigências em torno da segurança e da limpeza, por exemplo.
Se os governos e operadores turísticos estão a delinear medidas adicionais que garantam a segurança nas viagens e na permanência nos destinos, as empresas turísticas necessitam de as implementar e evidenciar, readquirindo, desta forma, a confiança dos clientes. As adaptações nas atrações turísticas, que propiciam a (fundamental) experiência, exigem novas arquiteturas por parte dos empresários e dos destinos. A par destes, a qualidade dos serviços, a certificação e a transparência de procedimentos passaram a ser determinantes para a atividade.
Conscientes destes e de outros desafios que se colocam ao turismo e à sua atividade, a última Convenção do ITB Berlin (março de 2021) apresentou-se com o slogan: “Repensar, Regenerar, Recomeçar – Turismo a melhorar”. A perceção da necessidade de mudar, de delinear novas estratégias, de reinventar o setor e de inovar, conciliando os desejos das pessoas, com as condições de segurança e o equilíbrio ambiental, está bem presente na consciência dos players.
Todos estes desafios vão exigir do governo, das associações do setor, das empresas, das universidades e das comunidades locais respostas concertadas, assentes num novo Plano Estratégico: “Turismo 21/31 – Uma Nova Estratégia Nacional”.
Os profissionais do turismo têm, pelo contato direto com o turista, o papel principal na transmissão da segurança, reconquistando a credibilidade nas estruturas e nos serviços. As empresas, as organizações e os serviços que asseguram a atividade turística necessitam de recursos humanos preparados para este novo cenário. As escolas, os institutos e as universidades estão a readaptar-se a estas mudanças de paradigma e a formar habilitados quadros para as novas exigências do mercado de trabalho.
Este momento assume-se como determinante e estratégico para reorganizar, qualificar, formar e reforçar o turismo nacional. Deseja-se que os principais responsáveis de cada área e setor, saibam assumir as suas responsabilidades.