Uma série de estudos recentes mostra como o repouso vigilante é a melhor forma de descansar sem prejudicar a aprendizagem e a memorização.
Esses resultados podem ser explicados pelo facto de que antes de a codificação/armazenamento ter lugar, portanto, logo após a aprendizagem de algo, as nossas representações de memória são propensas a interferências. Quanto mais longo for o período de tempo entre o processamento da informação (por exemplo, quando se aprende algo ou quando se estuda) e a atividade de interferência, mais estável é a memória. Por outro lado, quanto mais estável for a memória, menos as pessoas se esquecem e, portanto, mais se lembram.
As memórias interferem umas com as outras, resultando numa diminuição do desempenho da memória. Assim, o repouso após a aprendizagem deve favorecer a retenção da memória mais do que uma tarefa levada a cabo no intervalo (por exemplo, aprender vocábulos), uma vez que a codificação de novo material após a aprendizagem prejudica o acesso ao conteúdo da memória previamente aprendido… Por outro lado, o aumento do intervalo de tempo entre o conteúdo da memória a ser recordada e a informação que distrai leva a uma interferência menos intensa e, consequentemente, a um melhor desempenho da memória.
De igual modo, as memórias são afetadas por interferências após a aprendizagem. Contudo, ao contrário das teorias de interferência, têm frequentemente uma base neurofisiológica e neurocientífica. Pressupõe-se que a informação nova leva tempo a estabilizar, ou seja, a ser transformada em memórias mais duradouras e menos vulneráveis à interferência. Quanto maior for a distância temporal entre a captação de informação e a atividade que interrompe, mais consolidação pode decorrer, resultando em menos esquecimento e melhor desempenho da memória retardada.
Em suma, um longo período de repouso ativo (que envolva algum tipo de atividade) interrompe os processos de codificação e consolidação, enquanto, por outro lado, um repouso de vigília reforça esses processos.
Então, o que significa tudo isto em termos de aprendizagem? Enviar mensagens no WhatsApp, navegar na Internet e jogos são bons exemplos de descanso ativo. Descansar de forma vigilante é mais eficaz em termos de aprendizagem e de memorização, contribuindo para otimizar a aprendizagem.
Professora Doutora Lurdes Neves, Coordenadora da Pós-Graduação em Gestão Escolar para o Link to Leaders