Em educação, este facto é agravado pela divergência entre evidências da ciência e a nossa intuição. Até os programas de formação de professores excluem muitas vezes essa informação e até promovem abordagens pedagógicas que a contradizem.
Apresentam-se cinco convicções intuitivas comuns incompatíveis com a ciência:
1. Para se tornaram especialistas, os alunos devem agir como especialistas.
Além de lhes pedirem que leiam palavras cujo som ainda não ouviram, espera-se que consigam escrever logo de forma minuciosa e que encontrem a sua “voz narrativa” — como se fossem adultos num curso de escrita criativa. Há muitas crianças que apreciam esta abordagem, o que leva os professores a acreditar que funciona. É também provável que os professores acreditem que as crianças que continuem a escrever irão, a seu tempo, aprender a fazê-lo bem.
A ortodoxia da educação sempre se sobrepôs à aprendizagem de informação factual pelas crianças, descrevendo-a como “aprender de cor”, mas esta é na realidade um alicerce fundamental do pensamento crítico e analítico.
2. A instrução deve ajustar-se aos diferentes estilos de aprendizagem.
As pessoas têm mesmo preferências de aprendizagem, e há provas de que faz sentido transmitir informação de várias maneiras — usando tanto imagens como palavras, por exemplo. No entanto, se um professor ou um aluno acredita que um “aluno auditivo” é incapaz de assimilar informação através de esquemas — quando essa é, na verdade, a melhor forma de apresentar determinado conceito —, irá apenas dificultar o ensino e a aprendizagem.
3. Reler e sublinhar texto são os melhores métodos de estudo.
Está comprovado que outros métodos de estudo como a autoavaliação sobre conteúdo acabado de ler — são mais eficazes, porque o ato de tentar recordar informação de que nos esquecemos parcialmente aumenta a probabilidade de a conseguirmos recuperar de memória mais tarde. Mas essa “prática de recuperação de memória” é um exercício difícil e, por isso, pode parecer não funcionar.
Isto está relacionado com o chamado efeito Dunning-Kruger e estudos comprovam que quem tem um mau desempenho em determinada tarefa é incapaz de reconhecer a sua incompetência. A intuição dá-lhe uma confiança infundada. Do mesmo modo, quando certa tarefa é mais complexa, as pessoas podem pensar que ela é menos eficaz, quando na verdade é o oposto.
4. Ler em ecrã é igual ou melhor do que ler em papel.
Os resultados também não deixaram margem para dúvidas: o estudo mostrou que na verdade entendiam pior a informação lida em ecrã do que em objeto físico. Aqui está novamente o efeito Dunning-Kruger!
As pessoas tendem a ler texto digital mais depressa, e os investigadores supõem que será isso que as leva a crer que estão a perceber o conteúdo com mais facilidade. No entanto, talvez consigam ler mais depressa apenas por não estarem com tanta atenção.
5. Os alunos aprendem melhor através da descoberta.
Muitos professores acreditam firmemente nesta premissa, que pertence a uma visão ortodoxa da educação — e parece que as crianças também.
Existe um vasto número de evidências científicas que mostram, que quando os alunos são principiantes, as instruções explícitas são mais eficazes do que uma aprendizagem através da descoberta ou de perguntas. Mas tanto professores como alunos tendem a favorecer estas abordagens, talvez por serem mais interessantes — e não é difícil confundir interesse com aprendizagem.
O mais importante é apostarmos em objetivos comuns, como garantir que todos os alunos e professores atingem o maior êxito possível.