A indústria do turismo almejava por um impacto positivo pós pandemia. Os indicadores mais recentes apontavam para uma recuperação da indústria, ainda que de forma lenta e progressiva e tudo indicava que o Verão seria propício a boas viagens. Mas, eis que surge este conflito entre Rússia e Ucrânia que, quer se queira, quer não, tem impactos europeus e até mesmo mundiais.
Estamos a falar de impactos económicos, mas não só. Assistimos hoje a questões sociais e políticas que a médio e longo prazo traduzir-se-ão em impactos nas viagens.
Com as consequentes falhas nas negociações para um cessar-fogo, a resolução da guerra parece longe de estar resolvida e, apesar da crise humanitária ser o mais grave de toda esta situação, na verdade o setor do turismo vai sentir novo retrocesso, ainda que seja de forma lenta. Para já, no imediato, não se deverá sentir aumento repentino no preço das viagens de avião, mas sobretudo devido à inflação, isso vai acontecer. Além disso, o encerramento do espaço aéreo ucraniano e russo obrigou a uma reorganização de algumas rotas. Viajar de carro já está bem mais caro, com o aumento exponencial do preço dos combustíveis nas últimas semanas. Tomar uma refeição, muito em breve, ficará mais caro, também. No entanto, para além da componente financeira, a verdade é que existe algum clima de instabilidade, medo e insegurança, que pode fazer com que o turista se retraia quando pensa em viajar.
Porém, existe muita vontade em viajar, sobretudo depois de termos estado fechados tanto tempo, muitas vezes privados de fazer férias. Por esse motivo, há que manter o otimismo. A Senhora Secretária de Estado demonstrou isso mesmo e afirmou, em entrevista à CNN Portugal, que acredita que a guerra não terá grande impacto no nosso país, visto que, enquanto mercados emissores, a Rússia e Ucrânia representavam apenas cerca de 1% em 2019 (pré-pandemia). Também alguns eventos que teriam lugar na Rússia, como é o caso do Campeonato de Fórmula 1, a par da organização de eventos de âmbito mais empresarial, realizar-se-ão em Portugal, consubstanciando, desta forma, as condições do país para acolher e organizar eventos. A verdade é que os eventos, podem ajudar o turismo na recuperação pós-pandemia, mas em tempos de guerra na europa.
Professora Doutora Mariana Marques, Docente e Investigadora do ISG, para o Semanário Novo