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O estudo Sociedade e Poder auscultou a população cabo-verdiana acerca de questões como a confiança depositada nos diversos actores políticos e as maiores preocupações dos cidadãos. Os resultados foram apresentados na passada sexta-feira, 3, na cidade da Praia.

Estudo, do Centro de Investigação em Gestão (CIGEST), do Instituto Superior de Gestão do grupo Lusófona, Portugal, foi realizado entre Novembro e Dezembro de 2012. Com o objectivo de conhecer a opinião dos cidadãos sobre questões políticas e sociais, foram inquiridos, face-to-face,2175 cabo-verdianos de ambos os sexosnuma amostra proporcional também em termos de idade, nos 22 concelhos de Cabo Verde.

“Sociedade e Poder”, iniciativa do CIGEST, tinha já sido apresentado em Lisboa, em finais do mês de Março, num evento especialmente dirigido à comunidade cabo-verdiana, que recolheu uma significativa participação.

A sessão da Praia foi presidida pela Directora do CIGEST, Anabela Simões, tendo sido apresentada por Tereza Damásio, directora das relações internacionais do grupo lusófono, e Rita Marques da Silva, investigadora do CIGEST e uma das responsáveis pela análise dos resultados do estudo.

“O objectivo é mostrar uma realidade, tornar as pessoas cientes de uma realidade, sobretudo os decisores. É muito importante que os decisores saibam o que a população pensa deles próprios, das suas acções, das suas políticas, da realidade que as pessoas enfrentam todos os dias e das preocupações que têm”, explica Anabela Simões.

Assim, foram diversas as vertentes analisadas, para se tentar criar um quadro geral sobre o que pensam os cabo-verdiano sobre o estado da sociedade e poder.

Política

Para a investigadora Rita Marques Silva,a grande surpresa deste estudo é mesmo essa notoriedade das figuras políticas. “Geralmente trabalho realidades como Timor-Leste, São Tomé e Príncipe, Portugal, e a surpresa tem a ver com a notoriedade das figuras políticas, mais do que os problemas a que os cabo-verdianos estão sujeitos”.

Nessa área, destaca-se a “notoriedade imensa do Presidente da República. É uma figura que está a criar empatia”, salienta.

Assim, a nível político e de acordo com os dados da avaliação da CIGEST, o Presidente da República (PR), Jorge Carlos Fonseca, é a figura com maior notoriedade, recolhendo uma avaliação“boa” ou “muito boa”de 91,2 por cento dos cabo-verdianos. Apenas 8,8 por cento o avaliam negativamente. O Presidente é também o político no qual os cabo-verdianos mais confiam, e mais de 70% consideram-no mesmo como o Presidente ideal.

“É muito bom quando os países têm PR que sabem institucionalizar a função. E Cabo Verde tem tido, a esse nível, bons exemplos no passado e tem um bom exemplo actualmente. Por isso é que Cabo Verde tem ganho sucessivamente a boa governação e isso é muito positivo para o país”, avalia, por seu lado, Tereza Damásio.

Um dos intuitos do estudo foi também perceber a relação entre os diferentes poderes. Nesse âmbito, cerca de 62 por cento considera o Chefe do Estado “muito independente” ou “independente”, contra a opinião de 23 por cento dos inquiridos. E 64 por cento dos cabo-verdianos defendem que Jorge Carlos Fonseca foi isento durante as eleições autárquicas do ano passado.

Também o Chefe de Governo, José Maria Neves, recolhenesta avaliação quantitativa, uma maioria de notas positivas: 68,6 por cento, contra 31,4 por cento de avaliações negativas.

O líder do maior partido da oposição, Calos Veiga do MpD, está igualmente bem cotado entre os cabo-verdianos com 69,6 por cento da população a avaliá-lo positivamente.

A nível de classes, no entanto, os políticos surge no fundo da tabela em termos de confiança, No topo estão osprofessores, seguidos dos médicos, dos padres, dos soldados e dos jornalistas.

A par com o PR, no que respeita ao grau de confiança política, aparecem também destacados os Presidentes das Câmaras.

Sobre a avaliação do poder local, a maioria dos municípios consegue uma nota positiva. Os melhores resultados aparecem em São Filipe (87,7%), Praia (81,9%) e Porto Novo (77,5%). Os de piores colocados são Brava (-7,3 %) e Calheta de S. Miguel (- 20,8%).

Sob a sombra do desemprego

A nível das preocupações que mais apoquentame afectam os cabo-verdianos, surge destacado o desemprego, com cerca de 75% dos inquiridos a assumi-lo como um dos três principais problemas na sua vida.

O dedo dos cabo-verdianos é apontado aos políticos, que apesar de avaliados globalmente pela positiva, têm mostrado pouco empenho no combate a este problema.

Esta grande preocupação em relação à falta de emprego é também, em parte, explicada pela forma como os cabo-verdianos encaram a educação e o sucesso.

 “A principal característica que eu vejo em Cabo Verde e com os estudantes e diplomados Cabo Verde é esta ligação que eles têm à sua terra, à sua ilha, à sua comunidade. E eles têm muito a preocupação e a vaidade de se mostrar o que se faz bem e, para eles, Cabo Verde faz bem.Por isso é o desemprego é uma preocupação tao grande. Os últimos números dizem-nos que estamos com 17%. Sabemos que as estatísticas estão sempre a 4% menos, se calhar estamos nos 20, 21% de desemprego”, avalia Tereza Damásio.

Em termos de geral, o desemprego(74.6%) é seguido da falta de segurança (26,9%),  da falta de saúde (24,7%) e da falta de electricidade (10,3%).

Quanto à governação do executivo de José Maria Neves, as obras públicas são avaliadas positivamente, assim como os investimentos na saúde.

Por áreas de governação, em primeiro aparece “a Imagem de Cabo Verde no Mundo” (50,3 por cento), seguido da Cultura (30,6 por cento) e da Saúde (30,5 por cento). Com saldo negativo estão as opiniões sobre a Economia e Competitividade (-21,8 por cento), Finanças Públicas (-22,8 por cento), Honestidade na gestão do Governo (-27 por cento). Ainda pioresforam as pontuações na Electricidade e Água (-29,3 por cento) e Emprego e Formação Profissional (-37,4 por cento).

Comparações

O estudo estabelece ainda diferentes comparações.

Por exemplo, comparando o actual PR com Pedro Pires, 47.8% considera que o desempenho de JCF é melhor, enquanto 13% tem opinião contrária e 37.7% considera que é igual.

Em relação à qualidade de vida, 40 por cento considera que ela mantém-se, cerca de 30% considera que piorou em relação a 2011 e outros 30% que melhorou.

Os resultados deste estudo “são motivos de reflexão para os políticos, para as entidades responsáveis para tentarem corrigir aquilo que tenha sido considerado mais negativo. Agora, portanto, está tudo na mão de quem tem o poder de decisão”, remata Anabela Simões.

Artigo in “EXpresso das Ilhas”

 

 

 

 

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