Select Page

Um valor superior a € 400.000.000.000 é em quanto o Eurostat estima o valor da dívida pública grega, após o novo resgate, transformando-a na segunda maior do mundo. Mesmo em várias gerações, é impossível a Grécia pagar uma dívida pública bastante superior a 200% do seu PIB.

É perfeitamente óbvio que nunca esta dívida será paga. A solução encontrada de um novo resgate à Grécia é mais uma vez adiar a verdadeira discussão do problema por alguns meses. Não é com a mesma receita de cortes de pensões, aumento do IVA, abertura do comércio ao Domingo, reformas no mercado de trabalho ou fundos de garantia de privatizações que se vai reformar a economia grega.

Um perdão parcial da dívida, que seria o segundo num curto espaço de anos, seria de uma enorme injustiça para os restantes países em dificuldades. Quando se fala em solidariedade, não é a mesma ideia de que trabalha e faz sacríficos sustentar quem foge sistematicamente a impostos e um sistema, vive numa teia de desorganização e consequente corrupção assumida. Isto tem outro nome bem mais feio e que nada tema ver com o conceito de solidariedade.

A economia grega só é passível de reforma quando se reformar a própria Europa e o seu modelo social e político.

Em vez de se insistir nos resgates, que acabam por ser balões de oxigénio momentâneos e que servirão sobretudo para pagar amortizações dos empréstimos já contraídos anteriormente. De notar que a Grécia já entrou em incumprimento com duas prestações ao FMI e muitas outras se seguirão quando acabar o “balão” e as receitas geradas nunca serão minimamente suficientes para pagar até somente os juros da dívida.

Continuamos a viver numa Europa com vários tipos de europeus, em que uns pagam mais impostos do que outros, uns reformam-se mais cedo que outros, enfim, com velocidades “fiscais” diferentes e legislação diferente de país para país.

Todas estas fracturas no projecto europeu, em cada estado-membro, procura maximizar os seus interesses, legitimamente, no actual quadro, são naturais consequências do “marasmo” da construção europeia que há muito tempo estagnou. O Euro deveria ser o corolário final de uma união política e fiscal que transformasse os países em regiões europeias. Começou-se a casa pelo telhado e agora paga-se caro a factura da inexistência de fundações. 

A Europa necessita de um sistema fiscal único, de uma legislação comum, de um sistema de segurança social único. Só assim existe uma cidadania europeia. Tudo mais é demagogia.

 O país que foi o “berço” da democracia, poderá ser o “embrião” de uma nova lógica de construção europeia, quando daqui a poucos meses, se assumir aquilo que é matematicamente mais evidente: a falência do actual modelo político-social. Não é ideologicamente discutível, mas sim, matematicamente exacto. De uma vez por todas, reforme-se o conceito europeu, caso contrário, terá que ser “revolucionado” mais tarde, com consequência mais imprevisíveis e talvez menos desejáveis. 

 

×

Bem-vindo(a)!

Contacte-nos pelo WhatsApp

× 969844241