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O patriarcado em tempos de guerra!

19 de Fevereiro, 2019

O título do presente texto remete para uma das várias máximas de um gestor. Tentar nunca ficar dependente de um fornecedor, de um cliente ou de outrem. E quando se refere fornecedor, referimo-nos de uma forma lata a todos os que, a montante, são necessários para que os serviços prestados ou os produtos comercializados o sejam de uma forma que seja minimamente controlada pela gestão.

É desta necessária avaliação permanente que surge a chamada análise SWOT, um acrónimo anglo-saxónico para Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças. Isto vem a propósito das tendências que existem relativamente ao processo de Estatização que por vezes (de mais!) os seres humanos que gerem o aparelho do Estado, seja por eleição, por nomeação ou por simples inércia de aparelhos têm como objetivo último – o controlo da coisa pública que resvala sempre para a esfera privada. Exemplo: a gestão da crise dos enfermeiros e, ao mesmo, o confronto surgido quanto à utilização de instituições de saúde privadas por parte dos beneficiários da ADSE.

Se no primeiro caso, obviamente que ser “patrão” de milhares de trabalhadores especializados, a quem foram (ou não, que isso para o presente texto é irrelevante) feitas promessas que, obviamente, seriam impossíveis de satisfazer pois o dinheiro para tal foi despendido noutros acréscimos de despesa pública, retira capacidade negocial ao patrão Estado e dá-a aos enfermeiros, no segundo caso, uma perceção de que as instituições estatais que prestam cuidados de saúde poderiam acomodar um acesso acrescido aos serviços por parte dos beneficiários, destratando as instituições não estatais, demonstra um excesso de confiança que rapidamente cai, como um castelo de cartas, num bluff que quem está no setor sabe que é ingerível.

Na prática, é mais fácil gerir conflitos com trabalhadores ou outros provedores quando as unidades e os “patrões” são menores e em que as alternativas são exequíveis com pequenos ajustamentos, do que o contrário. E não adianta dizer que há interesses privados que se sobrepõem a interesses públicos. Já o disse e escrevi várias vezes, o Estado somos nós, os cidadãos.

Fui gestor de instituições de ensino não estatais (o termo que prefiro) e o conceito de utilidade pública ou de interesse público está nas suas declarações de constituição, como tal definidos pelo Estado. Todas as instituições, sejam de natureza estatal ou não, estão sujeitas aos interesses de pessoas. Resta garantir, como bons gestores do dinheiro público (que, reitero, pertence a todos os cidadãos por igual e não a um determinado conjunto abstrato ou concreto) que os valores mais altos que subjazem à definição de bem-comum sejam tidos em conta e que se procure sempre eficácia com a mais equilibrada gestão dos recursos (que são, por natureza, escassos).

No Estado ou nas Empresas, importa garantir isso mesmo. Dados os recursos obtidos vamos tentar atingir ou ultrapassar os objetivos definidos. Tentando ir ultrapassando os problemas que surgem. E, infelizmente, por vezes demais somos confrontados com irregularidades que num Estado de bem não deveriam existir. Logo por princípio quando o maior concorrente de um setor (por exemplo na Saúde e na Educação) é também o seu Regulador. Compete aos cidadãos, quando exercem os direitos inalienáveis que lhes são conferidos pela Constituição de República Portuguesa, estarem sempre alerta e não deixarem que um canto de sereia sobre a bondade absoluta de um Estado se sobreponha à liberdade de escolha ou de opção. Assim como compete aos sócios ou acionistas de uma empresa terem sempre presentes os seus objetivos e não deixarem que os CEOs e restantes administradores da mesma façam sobrepor os seus interesses pessoais em detrimento dos atrás referidos.

Artigo publicado em Link to Leaders a 19/02/2019

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